quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Filho de Peixe, peixinho é.

Eu havia pintado umas porcelanas para minha cunhada Manela tendo os peixes como motivo. (Não que isso tivesse a ver com algum nome de família). No entanto, depois de concluído, encontrei uma outra peça que fazia parte do jogo, mas provavelmente estava em falta no momento da primeira compra. Entreguei-lhe as primeiras, mas fiquei de lhe pintar a última. A ideia era ter uma travessa para se assar uma boa dourada no sal, e outras duas pequenas para os molhos.
A pequenina ficou assim.
As duas pequenas.
A peça maior.
O trio inicial.
A que faltou pintar é mais profunda. Pode levar uma boa salada para guarnecer o peixe.
Passou-se um ano. Um ano que não nos vemos.
Chegou a hora de pagar minha dívida e matar as saudades.
Detalhe do novo peixe, que eu imaginei como uma pescadinha com o rabo na boca.
Os portugueses adoram utilizar essa imagem em suas conversas.
A gente fica se imaginando parado no tempo, não é? Mas veja como o desenho evoluiu neste intervalo. Tem muito mais movimento, não acham?
E assim eu cumpro minha promessa.
E o mais bacana é ver que agora, finalmente a família Peixe ficou completa:
Dois maiores, e duas filhotas. Filho de Peixe, peixinho é.
Ah! Mas este post ainda não acabou. Sabem por que? Porque enquanto eu desenhava na porcelana, a Carochinha, como sempre, puxou um banco e ficou ao meu lado dando seus palpites intermináveis e conversando mais do que a boca. Depois cansou-se e foi sentar-se numa outra mesa que estava nas minhas costas.
Quando eu acabei, olha só o que ela tinha feito:
HA! HA! HA! HA! HA! HA! HA! HA!
Ela me colou! Safada! Nem precisou olhar. Foi de memória!
Diz ela que também já tem uma prenda para levar para a tia Manela
e que ela vai A-D-O-R-A-R!
P.P. (pós post)- Se algum abusado insinuar que EU é que colei da Carolina, que ELA tinha desenhado primeiro, acabou de perder uma amiga! E tenho dito.

Outono na Suíça

Afinal andou Ele tão absorto em sua missão divertida, que entre uma e outra árvore amarela, cada vez mais gostava dos efeitos inesperados.
O comércio acabou por fechar e já não havia mais tempo para comprar tintas. Perdera a hora. Acontece. No dia seguinte, não houve remédio senão lançar mão das cores restantes:
E foi assim que minha rua amanheceu tingida de vermelho.
As pessoas ficaram tão admiradas, pasmas diante de tal ousadia criativa, que a cidade virou um só buxixo de espanto. Causou tanta comoção aquela sucessão de cores, que Deus resolveu, pelo menos uma vez por ano, recriar a mesma sequência de efeitos para deslumbrar os homens e alegrar suas vidas. Para identificar a altura de recomeçar o festival cromático, a Secretaria de Cultura Celestial resolveu denominá-lo de Projeto Outono, totalmente identificado com esta fase de desbunde da Criação.
Há 45 anos que eu vivo. Há 45 anos que, dia após dia, eu reencontro sempre motivos para me abismar diante da Sua Obra.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

As cores que restavam

Naquela fria manhã de Outono, Deus acordou mais cedo, verificou que a cor verde tinha praticamente acabado e pensou:
_ Preciso comprar mais tintas...
O comércio ainda estava fechado àquela hora. E para não ficar parado descansando por toda a eternidade, usou as cores que restavam na paleta:
Conseguiu um resultado surpreendente, não acham?!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Branco sobre branco

Um pequeno bordado para começar a semana: Branco sobre branco, bordei no linho, utilizando bainhas abertas (barrado à volta).
No canto, uma aranha, e pelo meio, ponto gravatinha,
porque parece uma gravata borboleta.
O contorno da folha é feito pelo ponto palestrina e no centro da folha há as tais "brides", muito usadas na técnica do bordado Richelieu. Bride - é assim que as portuguesas chamam essa ligação feita ao outro lado do vazado por uma linha que depois é tecida. Sabe por que? Porque nada mais é que uma "ponte" lançada à outra margem do recorte, ou se quiser, no inglês "bridge". Não é fantástico como a gente aprende as coisas mais inusitadas com o bordado?!

domingo, 25 de outubro de 2009

Jardinagem inspirada

Se você é daqueles que acha que plantar um jardim é simplesmente ir colocando as plantas indiscriminadamente em qualquer lugar e isso já lhe satisfaz, pretendo neste post colocar-lhe uma pulga atrás da orelha.
Este jardim fica ao lado do castelo de Lunèville, na França. Não se encontra na sua melhor forma devido às muitas obras de recuperação do castelo, por causa de um incêndio sofrido em uma das alas do edifício há anos atrás. Isso não nos impede, contudo, de reverenciar a arte de seu caprichoso jardineiro, veja:
No lado esquerdo da foto superior, pode-se observar a fachada de outro castelo desenhada no jardim. Mais de perto podemos ver como ele construiu a imagem...
Um bocado mais de detalhe e nota-se as diferentes plantas que ele usou...
A tonalidade mais clara é dada por um tipo de suculenta, no Brasil muitas vezes chamada de rosa de pedra, ou planta pedra, fácil de encontrar até na seção de plantas dos supermercados.
Só que a gente nunca pensa em fazer uma lindeza dessas, ? Ficaria muito caro?! ... é só ter paciência e ir multiplicando as plantinhas até ter um número suficiente para brincar de fazer arte no jardim. Tem até um site bacana que ensina a cuidar delas direitinho, fazer o cultivo e propagação. Que tal brincar de jardinagem?

sábado, 24 de outubro de 2009

Parlez-moi d'amour

Sábado nublado, uma fina chuvinha renitente... Só me ocorre ouvir Juliette Greco cantando "Parlez-moi d'amour". Já ouviu? Acho uma voz magnífica! Se quiser, pode ouvir aqui. Depois diga o que achou.
Fico ouvindo essa música e pensando que tudo o que eu precisava agora era de uns 5 dias de feriado nacional pela frente.

Tenho tanta roupa para passar...
Ok! Acho melhor tirar o popozão da cadeira e tratar de trabalhar, porque dona de casa não tem folga e muito menos hoje é feriado! Que canseira!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Domini cani

Fiz esse desenho numa época em que eu ainda tinha tempo e paciência para ficar pescando detalhes nas fachadas.
É a Igreja de São Domingos, em Uberaba. Com ela, de alguma forma, meu destino se entrelaçava: lá meu pai foi coroinha. Muitos anos mais tarde eu viria a cantar ou reger em concertos. No antiga casa paroquial ensaiei durante muitos anos o Coral Cidade de Uberaba, convertida em sede da Fundação Cultural do município. A igreja sempre na janela.
Tantas lembranças, tantas memórias... um dia de blecaute total e as estrelas se acendendo surpreendentemente... Um concerto memorável com os bancos todos reorganizados e voltados para o centro, com poemas de Adélia Prado pelo meio... Tantos amigos, tanta alegria, que posso dizer que não virei irmã dominicana porque essa não era a minha sina.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Levando no cano

Limousine, Wouter Mijland

Quando eu vi essa bicicleta num site, fiquei pensando num monte de gente que eu gostaria de levar no cano! Ha,ha, ha, ha, ha! Calma! Ou você não é do tempo em que muita gente boa fazia isso?!

Paul Newman e Katharine Ross , Butch Cassidy & Sundance Kid, 1969.

Com uma bicicleta limusine destas, dava para dar carona para um monte de amigos. E daí o amigo nº 1 teria a obrigação de me levar para o bom caminho, afinal, eu não ia ter braços para tanto.

Minha avó Benvinda dizia que hoje em dia (naqueles dias) o ônibus podia chegar em qualquer lugar do mundo. Ela jurava que viria me visitar de ônibus, porque tinha medo de voar. Mas não acreditava que o homem tinha pisado na Lua. Não é uma incongruência?!

Herdei dela essa maneira maluca de pensar. Assim, não duvide que eu ache razoável convidar-lhe, mais alguns amigos queridos, para passear numa magrela destas pelos campos da Provence. No Verão, é claro.

Link quebrado

Peço-lhes as minhas desculpas se alguém tentou aceder ao link da Carolina a cantar no post anterior e não conseguiu: na minha tentativa amadora de alojar o arquivo, acabei cometendo um erro que não permitia acessar à gravação. O link ficou quebrado. Agora está tudo ok (espero). A vida é assim. Vivendo e aprendendo.

Vai, vai chegar sua vez

Ontem, Carolina e eu estivemos a dar risadas e a cantar, não necessariamente nesta ordem.
Ela adora o filme "A Noiva Cadáver", do Tim Burton. Por isso, sabe as músicas todas de cor. É uma espécie de musical.Não sei se isso é cômico para todo mundo, mas eu acho engraçadíssimo ela cantando essas palavras, porque a letra é muito original e fica parecendo meio desadequado à idade dela. No entanto, quem conhece o filme sabe que é uma forma das crianças irem entrando em contato com a ideia da morte de um maneira lúdica (isso existe?!). Outro dia ela me disse que quem morre vai 'lá para baixo', fazendo uma expressão muito grave. Eu pensei que o 'lá para baixo' era o Inferno e perguntei-lhe onde era o 'lá para baixo'.
_ Ora, é lá debaixo da terra, onde as pessoas ficam depois que morrem e vão dançar com os esqueletos.
(pensou um bocado...)
_ Ó, mãe, e aquela outra coisa branca azulada que sai da pessoa quando ela morre? Vai para onde?
_ Vai para o Céu, filha, porque só o corpo é que morre. O espírito, a alma, que é aquela coisa branca azulada, que é o nosso pensamento, o nosso sentimento, isso não morre nunca!
_ Ah... Então vamos cantar! "Vai, vai chegar sua vez/ A morte, o dia, não importa o freguês..."
Para ouvir a Carolina cantando o tema de "A Noiva Cadáver", clique aqui.

sábado, 17 de outubro de 2009

Deu zebra novamente!

Continuando no propósito de dar vazão à vasta produção Carolinística, eu fiz um prato infantil com um daqueles desenhos que ela fez do Zoo. Lembram? A girafa escondendo-se atrás da zebra?
Acrescentei uma "barra" zebrada para fechar ou emoldurar a cena e... já está!
Ainda tem que ir ao forno. E depois vou fazer o caneco para formar o jogo. Quando tiver tudo pronto eu posto aqui.
Aproveito para anunciar a criação da 3Pês, ou PPP, ou P3, sei lá... Como andamos trabalhando em conjunto, a Carocha e eu, pensei em lançar a grande marca de sucesso "Paiva's Porcelain Painting". O que vocês acham disso? E de qual destas gostam mais? 3Pês, ou PPP, ou P3? Acham que vai resultar? Uma moeda pela vossa participação! Será que eu acabo presa por exploração de trabalho infantil? Ó, dúvida cruel! Declaro aberta a temporada de caça aos melhores palpites.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Finalmente encontrei!

Eu tenho duas queridíssimas amigas que são minhas parceiras de Sushi. Daí agora elas se meteram a fazer uma casa nova que, dizem, tem até uma bancada na cozinha só para os xuxizeiros de plantão! Uau!
Claro, e eu não podia deixar de dar minha contribuição para essa ideia tão maravilhosa: então passei a procurar um jogo de porcelana para Sushi para fazer uma coisa bem personalizada para lhes oferecer. Eu queria algo que fosse mais para o quadrado, fugir um pouco dos pratos redondos convencionais. Mas também queria uma pecinha menor, para o shoyu e raiz forte... E de quebra, um apoio para os "pauzinhos". Só que, quando eu encontrava o prato certo, não encontrava a peça menor a condizer... ou era muito pesada, ou um jogo muito grande, que inviabilizava levar o presente na viagem, ou proibitivamente cara, ou com detalhes que não permitiriam a pintura das peças depois.

Agora, finalmente encontrei!!! Olha só esta peça menor que se encaixa no lugar marcado no prato: não sou muito boa fotógrafa, nem o ângulo da foto ajuda, mas parece o design de uma gota d'água que espirra ao cair noutra superfície líquida. E o espaço entre as novas gotinhas que se formam serve muito bem para segurar o rachi. Dispensa a 3ª peça. Não é interessante?!
E aí, mulherada? Agora estou esperando vocês aprovarem a porcelana, e uma dica da tonalidade da cozinha para começar a pintura. Espero não estragar tudo, porque eu considero as peças mesmo branquinhas muito lindas! hehehehehehe (Rachel e Boss, não fiquem enciumados: quando vocês tiverem a vossa casa nova, também vão ganhar um jogo personalizado. Enquanto isso, a gente usa a cozinha delas! O Boss cozinha, a gente come!)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Bordado em tule

Lembram-se que eu voltei de Lunèville doida com bordados em tule? Lembram-se que eu estava apanhando, mas resolvi tentar até conseguir fazer esta técnica?
A beleza deste trabalho no tule tem a ver com o jogo de transparências... E era disto que eu andava atrás.
Pois bem. Mãos a obra! Passei o risco para o tecido batista...
Alinhavei-o ao tule de algodão...
Prendi-os juntos no bastidor e fiz os contornos em ponto cadeia.
O ponto cadeia pode ser feito à mão, com uma agulha de costura normalíssima, ou com uma agulha de crochê. Há quem faça com as agulhas de crochê comuns, outros com a agulha de crochê específica para este tipo de bordado e pedrarias como as de Lunèville ou as da Clover.
Finalmente, depois de tudo pronto, é só começar a recortar. Er... não pense que isto seja fácil:
uma pequena distração e corta-se o fio que pode desmanchar tudo!Aí é só se apaixonar pelo desenho que vai ganhando cada vez mais transparência.
Fica tudo cheio de recortes e o resultado é de uma grande leveza!
Não é bacana?! Olha só que simpático!
Há muitas outras técnicas e pontos para se bordar o tule.
Esta é apenas uma delas, mas já é um princípio.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Direto da camisoladora

Ontem, depois de uma overdose de imagens bordadas, fiquei com saudades da agulha... Hoje resolvi fazer uma camiseta para a Carolina que, como sempre, ficou com o autofalante ligado o tempo todo no meu ouvido: "não, põe azul claro aqui. Eu NÃO gosto de lantejoulas! Eu não quero mais!..."
Mas no final, depois de pronto, ela me disse:
"Mãe, você é a melhor camisoladora do mundo! Chuac!"
PS.: Em tempo: em Portugal, camiseta = camisola. Portanto, em Carolinês, camisoladora = fazedora de camisolas/camisetas.
Uau! Acho que isso foi um elogio!

domingo, 11 de outubro de 2009

Bordado em fita

Passei uma manhã de Domingo arrastada e deliciosa: não existe coisa melhor do que viajar entre bordados e aprender montes de coisas. Se você quer saber mais sobre bordados em fitas, experimente estes vídeos: http://www.youtube.com/user/DivanNiekerk?blend=2&ob=1

São aulas bem bacanas que mostram como fazer os diversos pontos. E o trabalho dela é simplesmente fantástico! Di van Niekerk, da África do Sul - uma ilustradora que usa o bordado em fitas como forma de expressão. Não vale a pena? Uma verdadeira inspiração!

Multifunção

Às vezes, o mundo de uma criança é cercado de fantasias malucas. Faz parte da maneira como elas aprendem a se apropriar das coisas da vida. Qualquer cantinho pode parecer o galeão de um maldoso pirata que nos fará andar na prancha...
O aquário municipal pode ser a prisão da Dóri...
O Nemo pode ter se casado e tido um monte de filhos...
Mas essa de ver os filmes do Mr. Bean na TV enquanto almoça e desenha o personagem ao mesmo tempo... pra mim é demais! E ela fez até o ursinho na mão dele! Esse negócio de ter filhos multifunção, tá me deixando quase esquizofrênica! Então eu tenho que ser uma mãe multilimites?!!! Tem certeza?! Eu?! Euzinha?!!!...